Na cidade do nosso descontentamento, luzeiros nocturnos desvanecem ao raiar do luar da aurora. Passos surdos caminham inseguros, na tela mal iluminada da calçada onde se escreve a nossa história. O Sol tarda e a Lua ainda não partiu, deixando no azul o sabor da noite, nos corpos. A melodia da rotina principia em andamento lento, em crescendo… Os odores alastram pelos corredores ainda mal iluminados nos interiores desconhecidos. E o Sol espreguiça-se, ao longe, anunciando o seu turno.
Os passos surdos misturam-se agora na melodia crescente do quotidiano imposto, como regra secular, em movimento giratório constante…
Engrenagem…
Descem as vendas sobre os olhos. O Sol ofusca, irradiando num acto visceral, o seu poder de ocultar a forma primordial dos sentidos… E caminhamos lestos… para lado nenhum… com a alegria visível da nossa insanidade!
Tresmalhados sussurros fazem-se ouvir pelos cantos insuspeitos da cidade nua, como uma secreta arma de frente de libertação. Dizem, numa cadência subliminar, que se confunde com os ruídos dos passos em volta, que o Céu está mais azul…
… Inspiradores da audácia…
… Desavergonhados sem escrúpulos…
… Dementes do impropério…
… Hereges de causa oca…
Gritam temerosos os que passam ao largo, de vendas firmemente atadas.
Ao meio-dia o louco da cidade reverbera inconsequentes palavras em praça pública, que já ninguém ouve, por adaptação:
- Toda a Verdade é única e Verdadeira
- Tu és a Tua Verdade…
- Ó Francisco!!!
- “Qu’ é?”
E ninguém ouve, e olham de soslaio, com receio de contaminação…
***
Hoje acordei com um raio de sol filtrado por entre reentrâncias de sonho, tecidas a vento quente em areias cálidas, de desertos férteis em desejos…
Esqueci-me da venda.
O sabor do café desperta-me um sorriso e digo-te:
- Já viste que o Céu está mais azul?
Os passos surdos misturam-se agora na melodia crescente do quotidiano imposto, como regra secular, em movimento giratório constante…
Engrenagem…
Descem as vendas sobre os olhos. O Sol ofusca, irradiando num acto visceral, o seu poder de ocultar a forma primordial dos sentidos… E caminhamos lestos… para lado nenhum… com a alegria visível da nossa insanidade!
Tresmalhados sussurros fazem-se ouvir pelos cantos insuspeitos da cidade nua, como uma secreta arma de frente de libertação. Dizem, numa cadência subliminar, que se confunde com os ruídos dos passos em volta, que o Céu está mais azul…
… Inspiradores da audácia…
… Desavergonhados sem escrúpulos…
… Dementes do impropério…
… Hereges de causa oca…
Gritam temerosos os que passam ao largo, de vendas firmemente atadas.
Ao meio-dia o louco da cidade reverbera inconsequentes palavras em praça pública, que já ninguém ouve, por adaptação:
- Toda a Verdade é única e Verdadeira
- Tu és a Tua Verdade…
- Ó Francisco!!!
- “Qu’ é?”
E ninguém ouve, e olham de soslaio, com receio de contaminação…
***
Hoje acordei com um raio de sol filtrado por entre reentrâncias de sonho, tecidas a vento quente em areias cálidas, de desertos férteis em desejos…
Esqueci-me da venda.
O sabor do café desperta-me um sorriso e digo-te:
- Já viste que o Céu está mais azul?